terça-feira, 20 de junho de 2017

Edusp lança nova edição de dicionário de Libras

Por Ivanir Ferreira - Editorias: Ciências Humanas
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Acaba de ser lançada pela Editora da USP (Edusp) a nova edição do Dicionário da Língua de Sinais do Brasil: a Libras em suas mãos – 3 volumes, de autoria de Fernando C. Capovilla, Walkiria D. Raphael, Janice G. Temoteo e Antonielle C. Martins, pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da USP. A publicação foi editada em três volumes e incorporou milhares de sinais de todas as regiões brasileiras, principalmente do Nordeste, do Sul e do Distrito Federal.Resultado de pesquisas feitas pelo Laboratório de Neuropsicolinguística Cognitiva Experimental (Lance) do IP desde 1994 e de desdobramentos de outras publicações, o novo dicionário documentou mais de 13.400 sinais, com ênfase nas áreas de medicina, geografia e tecnologia da informação. A elaboração foi feita a partir de informações coletadas de surdos sinalizadores nativos (os surdos que utilizam a língua de sinais como único e exclusivo meio de comunicação).

Na publicação, os sinais de Libras tiveram entradas lexicais individuais, trazendo os verbetes correspondentes ao sinal em português e inglês, a definição do significado do sinal e dos verbetes, ilustrações e a descrição detalhada da forma do sinal, além de exemplos ilustrativos do uso apropriado do verbete. A publicação ainda traz a soletração digital em Libras por meio da fonte Capovilla-Raphael, permitindo que uma criança surda possa analisar a composição das palavras escritas e convertê-las para letras em formas de mão. Há também o registro de sinais diferentes utilizados em Estados diferentes e um mesmo sinal que pode ser usado em diversos Estados brasileiros.
Veja ilustração abaixo:
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Capovilla, coordenador e orientador do programa de pesquisa lexicográfica em Libras, afirma que dicionário é de enorme importância para o dia a dia de estudantes e profissionais. “Os surdos têm se tornado cada vez mais afluentes, influentes, especializados e cultos”, celebra.

Vibramos com a possibilidade contribuir para a inclusão real e efetiva destes concidadãos.”

A publicação também poderá ser utilizada pelo público infantil como ferramenta e aprendizado formal do idioma. “Será um instrumento importante para ouvintes que aprendem Libras para poder conversar, interagir, compreender e se fazerem compreendidos por seus alunos e colegas surdos”, explica. Desde 2005, a Libras passou a ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia.
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Fernando Capovilla: língua é dinâmica e viva – Foto: Regina Elias/CCE_SP via Flickr

Capovilla afirma que todos os dicionários publicados pelo Lance, desde 1994, tiveram ótima aceitação devido às características específicas de seu conteúdo, o que os tornam únicos em todo o mundo. “Estamos sempre aprimorando e aperfeiçoando. A língua é dinâmica, é viva”, reforça.
Para Janice G. Temoteo, que fez a coleta de dados em nove Estados do Nordeste durante seu período de doutorado, o trabalho, além de significado pessoal, teve grande importância para a comunidade surda nordestina pelo registro dos sinais regionais. Foram incluídos 4.287 sinais no Dicionário da Língua de Sinais do Brasil. Ao todo, foram 33 surdos colaboradores informantes dos sinais que participaram da pesquisa, além de dezenas de juízes surdos e intérpretes de Libras que cooperaram com a validação dos sinais coletados.
Surdos no Brasil

Segundo o Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem cerca de 10 milhões de pessoas surdas ou com perda auditiva severa. Embora a primeira escola de surdos tenha surgido na época do Império, em 1857, foi somente em 2002 que a Libras foi reconhecida como língua oficial da população surda brasileira.

O Dicionário da Língua de Sinais do Brasil: a Libras em suas mãos – 3 volumespode ser encontrado nas lojas físicas da Edusp ou no site da própria editora e em outras livrarias.

Mais informações: e-mails fernando.capovilla@usp.br, vduarte@usp.br, janicetemoteo@gmail.com, e an.cantarellim@gmail.coma

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